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Mídia x Punks

Posted in Uncategorized by Adina Almeida on 26/05/2009

Para nos ajudar a entender um pouco de porque a mídia ainda trata o movimento punk relacionando-o à violência, segue abaixo um trecho da entrevista concedida por Craig O’hara, autor do livro “A Filosofia do Punk – Mais que Barulho” ao site Dropmusic:

A Filosofia do Punk - Craig O'Hara

A Filosofia do Punk - Craig O'Hara

Por que um movimento que, segundo seu livro, está ligado à luta pelos direitos das mulheres, dos gays e é contrário a qualquer tipo de racismo é tido por boa parte da mídia como racista, violento e homofóbico? O que causa esta confusão? O movimento punk é violento?


CO: Eu não penso o punk como um movimento violento. Talvez o visual diferente, a música rápida e alta, a raiva e o sarcasmo das letras e a honestidade nua e crua do punk sejam coisas com as quais a mídia do `politicamente correto` tenha dificuldade em lidar. O punk nunca foi um lugar para pessoas bem comportadas e de moral puritana. Se você pega uma postura radicalmente contrária ao governo, aos racistas, aos policiais, às autoridades em geral, soma isso à ácida crítica que os punks fazem à maçante cultura pop e coloca ainda a volúpia da mídia em retratar o movimento como algo raivoso e assustador, pode ser que isso cause a errada impressão de que nós sejamos violentos. Para aqueles que, de certa forma, defendem a cultura de massa e o status quo que nos empurram goela abaixo, os punks, com a sua honestidade e a sua rejeição às autoridades, representam certamente uma ameaça.

Leia aqui a entrevista na ítegra.

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Lenha da Fogueira

Posted in Uncategorized by Adina Almeida on 20/05/2009

Pegando o gancho da polêmica “Mídia x Punks”, hoje estava lendo a revista Marie Claire deste mês, gentilmente cedida por nossa amiga Geanne por causa de uma reportagem sobre uma nova tribo vertente dos punks, os Steampunks, inclusive muito interessante. Eles surgiram no final dos anos 80, tentando resgatar um pouco do estilo vitoriano, vestindo-se como na Inglaterra do século 19, com direito a cartolas, bigodes e espartilhos. Segundo G.D. Falksen, estudioso do novo movimento, “todos veneram os símbolos do poder do Império Britânico, mas isso não significa que aceitem o racismo e o colonialismo. Esse é um movimento mais social do que político”. Até aí tudo bem… o problema foi quando a revista tentou explicar o nome Steampunks: “Steam” significa vapor em inglês, com referência aos motores à vapor da época que se inspiram. “E por que punk – dizia o repórter – se a palavra nos lembra agressão ou mau comportamento? “ Acho que não preciso nem dizer aqui a resposta, se o principal mesmo está na pergunta.

Devemos considerar agora, claro, quem escreveu e para quem, e lembrar que esta revista é destinada a mulheres de classe A que pagam facilmente em um blazer R$ 4.210 ou em um cardigã R$ 1.580 (exemplos tirados da própria revista na seção “Moda”). Devemos considerar também que estas são as pessoas que mais estão distantes do movimento e sua luta, considerando a origem e ideologia punks. Aqui, não cabe nem contestar a opinião do jornalista que faz a associação do movimento à violência sem sequer hesitar, analisar, afinal ficou claro em apenas uma frase sua opinião.

Isto nos mostra que os punks tem ainda muito pelo que lutar. E mostrar à sociedade (seja ela A, B, C, D, E…) que não são apenas “agressão e mau comportamento”, mas sim pessoas concientes da real situação da maioria da população que sequer recebem o salário mínimo mensal para o sustento da família. Situação que só favorece a burguesia, que na maioria das vezes são os próprios maridos das leitoras desta revista, detentores de mão-de-obra exploradora e semi-escrava, que fazem nosso país como é: muito para poucos e muito pouco para muitos.

Vote na enquete: “Como você acha que a mídia mostra os punks?” no post abaixo e saiba qual a opinião dos nossos leitores.